sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ascendência de Cristo - parte IV: Bate-Seba

“Davi mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o heteu.” (II Samuel 11:3)

Continuando a genealogia de Cristo, quero falar hoje sobre a quarta mulher mencionada. Mateus não diz o nome de Bate-Seba, mas fala “o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias;” (Mateus 1:6). Sabemos, então, que se trata dela, pelo texto de II Samuel.

É outra de quem não se fala muito. Apenas sabemos seu nome, que significa “filha de um juramento”, e que era casada, quando foi vista por Davi, banhando-se. Vista e logo desejada.

Não sabemos por que Bate-Seba resolveu tomar banho naquele horário e ainda mais de forma tão exposta que foi vista do terraço da casa real. O que sabemos é que o rei Davi a desejou, e mandou chamá-la. Logo em seguida, a Bíblia fala que se “ela veio, e ele se deitou com ela” (II Samuel 11:4).

Realmente não há como saber se havia alguma forma de Bate-Seba negar aquele “convite”. Ela poderia sofrer alguma penalidade por não obedecer ao rei, é verdade. Não sabemos se ela foi feliz da vida, ou somente porque era “obrigada”. Não sabemos se o que ela fez foi para provocar o rei, ou se foi apenas ingênua. O que sabemos é que aquilo foi errado. Foi adultério. E de uma coisa podemos ter certeza: tanto Davi como Bate-Seba sabiam que estavam cometendo algo impuro aos olhos de Deus. Ainda mais quando pensamos que, enquanto eles faziam aquilo, o esposo de Bate-Seba, Urias, estava nos campos de batalha, lutando pelo reinado de Davi. Davi este que fez com que Urias fosse colocado em posição tal que morreria rapidamente.

Adúltero e assassino. Esse era o Davi naquele momento. Adúltera, era assim que poderíamos denominar Bate-Seba naquela situação em que se encontrava. E ainda assim, tiveram a honra de ser antepassados do Cristo. É estranho, para não dizer terrível, para muitos ver que essas pessoas acabaram sendo lembradas dessa maneira, ou seja, como aqueles cuja linhagem levou a Jesus.

Mas, paremos um pouco e pensemos em nós: somos mesmo tão melhores que Davi e Bate-Seba naquela situação? Sim, porque depois se arrependeram e voltaram ao que era correto. Casaram-se e tiveram Salomão como filho, o homem mais sábio que já existiu na face da Terra. Mas, voltando à pergunta: somos melhores que eles? Somos isentos de pecado? Somos “perfeitos”? Sabemos a resposta. Nós, mesmo que sejamos crentes há anos, somos tão pecadores e impuros quanto foram Davi e Bate-Seba. E o que a Bíblia diz de nós? “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus” (I João 3:1). Merecíamos isto? Não, nem antes nem agora. Somos maus e pecadores, mas Deus nos chama de filhos.

Que você, ao ler sobre Bate-Seba na genealogia de Cristo, não fique indignado de ver ali uma pecadora, mas louve a Deus pelo Seu tão grande amor por nós, “a ponto de sermos chamados Seus filhos”.

“Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias;” – Mateus 1:6, genealogia de Cristo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Qual a verdade, afinal?

Hoje li a seguinte frase no Twitter de um amigo: "Existem 10 mandamentos para tudo e o único que brigam que virou 9 é o bíblico."

Interessante esse pensamento. Vemos isso por aí. São "os dez mandamentos" para uma vida feliz, "os dez mandamentos" para uma alimentação saudável, "os dez mandamentos" para um casamento perfeito...e por aí vai. Mas na hora de encarar os mandamentos de Deus, aí parece que só existem nove mesmo. Duvidam?

A grande maioria dos cristãos evangélicos diz que não precisamos mais guardar os mandamentos. Que Jesus os aboliu quando morreu na cruz. Interessante. Mas eles mesmos não matam, não roubam, não adulteram... Acham que tudo isso é errado e contrário aos ensinamentos bíblicos. E estão certos! Mas quando questionamos: "E por que vocês não guardam o Sábado, como orienta o quarto mandamento?", eles logo respondem: "Porque Jesus mudou o dia de guarda".

E assim é sempre inventada uma nova desculpa. Ora a lei foi abolida, ora foi modificado apenas um mandamento. Qual é a verdade afinal? Por que não se chega a um consenso? Foram os dez mandamentos realmente abolidos? Ou só foi o quarto? Acredito que nem mesmo eles saberiam responder a essas perguntas.

Mas não tem importância. A Bíblia responde. E ela diz:

"No sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo o trabalho que havia feito. Então abençoou o sétimo dia e o separou como um dia sagrado, pois nesse dia ele acabou de fazer todas as coisas e descansou." (Gênesis 2:2-3)

"Guarde o sábado, que é um dia santo." (Êxodo 20:8)
Depois, no Novo Testamento, não vemos qualquer referência a uma mudança do dia de guarda. Pelo contrário! Jesus confirma a importância do Sábado, ensinando-nos a guardá-lo (respeitá-lo, santificá-lo) da forma correta:
"É, por conseqüência, lícito fazer bem nos sábados." (Mateus 12:12)

"E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?" (Lucas 13:16)

"Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor." (Mateus 12:8)
Inclusive, o próprio Jesus guardava o Sábado:
"E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler." (Lucas 4:18)
Você não acha que, se Ele tivesse realmente mudado o dia de guarda para o domingo, teria deixado isso bem claro em Sua palavra? Ou teria usado a palavra "domingo" no lugar de "sábado" nos textos que mencionei? Quando os fariseus fossem condená-lO por fazer curas aos sábados, Ele simplesmente poderia ter dito: "Não meus amigos, eu curo no Sábado porque este não é mais um dia santo. Agora o dia a ser lembrado é o domingo!" Mas não foi isso que Jesus fez...

E não foi porque Ele não mudou Seus mandamentos. Eles continuam os mesmos, do 1º ao 10º. E se você guarda os outros nove, por que não guardar o quarto também? Lembre-se:
"O SENHOR Deus diz: “Obedeçam às leis a respeito do sábado; não cuidem dos seus próprios negócios no dia que para mim é sagrado. Considerem o sábado como um dia de festa, o dia santo do SENHOR, que deve ser respeitado. Guardem o sábado, descansando em vez de trabalhar; não cuidem dos seus negócios, nem fiquem conversando à toa. Se me obedecerem, eu serei uma fonte de alegria para vocês e farei com que vençam todas as dificuldades; e vocês serão felizes na terra que eu dei ao seu antepassado Jacó. Eu, o SENHOR, falei”" (Isaías 58:13-14).
Que essas bênçãos sejam realidade em sua vida! Vale a pena seguir a vontade do Senhor...

Música Um Dia de Esperança from Igreja Adventista on Vimeo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Aquela mulher junto ao poço

“Quem beber desta água tornará a ter sede” (João 4:13)

Tentando responder a um questionamento de um companheiro do jornadear cristão, volvi meus olhos mais uma vez à tão conhecida história de Jesus e a mulher samaritana (João 4:1-42).

Jesus, diferente dos homens de sua época, não se importava de conversar com mulheres (mesmo que essas não fossem tão “santas” como se esperava das mulheres naquela época), muito menos com samaritanos – inimigos declarados dos judeus, dos quais Jesus fazia parte. Nessa história, desde o começo vemos que Jesus não dava qualquer importância a preconceitos e tradições infundadas. Primeira lição a aprender...

Depois, ao continuarmos lendo o texto, vemos que Jesus pede água à mulher, ao que ela responde: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4:9). E Jesus diz: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4:10). É como se Ele dissesse que não Se importava nem um pouco com convenções humanas, e que o que Ele tinha para dizer era bem mais importante. Creia, se você sentir que Deus está falando, não comece a criar empecilhos, o que Ele tem a dizer é importante, e você precisa ouvir.

A princípio, notamos que a mulher não entende bem o que Jesus quer dizer. Pensa que Ele estava falando da água comum, H2O, que bebemos todos os dias. Mas Jesus pediu água apenas como um pretexto para falar com ela sobre coisas maiores e mais importantes. E logo revela a que veio: diz à mulher que sabia que ela não era casada, e que já havia tido cinco maridos. Surpreendeu aquela mulher, revelando coisas que Ele não podia saber, a não ser que fosse ao menos um profeta, como a mulher constatou logo. Conquistando dessa forma a atenção total daquela samaritana, Jesus se mostra como o Messias esperado também pelos inimigos dos judeus. A partir daí, aquela mulher torna-se uma missionária, convidando todos a quem podia para conhecerem o Cristo vivo.

Mas talvez o momento mais importante desse relato não tenha sido este, e sim quando Jesus disse: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4:13-14). Como a mulher, podemos nos perguntar: que água é essa que mata a sede para sempre? Essa água é a vida plena que só Jesus pode dar. A paz, a plenitude, a felicidade, a confiança, que só existem naquele que realmente recebe a Fonte de águas vivas, Jesus. O mundo nos traz muitas aflições, medos e angústias. Sentimos um vazio que nada nem ninguém consegue preencher. Mas quando recebemos dessa “água”, isso desaparece. Esse vazio vai embora, pois é preenchido por Cristo. Não importa quantos “desertos” tenhamos que atravessar, pois o nosso “cantil” estará sempre cheio. Se tivermos Jesus em nossa vida, não mais sentiremos essa sequidão em nosso coração, porque Jesus é a Água Viva, que hidrata e nunca se acaba.

Mas não é só isso: essa água é tão abundante que pode ser distribuída a outros. Quando uma pessoa decide aceitar Jesus em sua vida, ela agora passa a espalhar alegria e paz por onde vai. Foi o que aconteceu com a mulher. Ela avisou a todos que conhecia que tinha finalmente encontrado o Messias. Essas pessoas foram ver Jesus, e depois passaram a crer não porque a mulher tinha falado, mas porque eles mesmos tinham-no visto e reconhecido como Salvador...

Para terminar, um texto da escritora americana Ellen White:
“Aquele que busca matar a sede nas fontes deste mundo, beberá apenas para tornar a ter sede. Por toda parte estão os homens descontentes. Anseiam qualquer coisa que lhes supra a necessidade da alma. Unicamente Um lhes pode satisfazer essa necessidade. O que o mundo necessita é "o Desejado de todas as nações", é Cristo. A divina graça que só Ele pode comunicar, é uma água viva, purificadora, refrigerante e revigoradora da alma. (...)Essa mulher representa a operação de uma fé prática em Cristo. Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva, faz-se fonte de vida. O depositário torna-se doador. A graça de Cristo na alma é uma vertente no deserto, fluindo para refrigério de todos, e tornando os que estão prestes a perecer, ansiosos de beber da água da vida.” (Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, págs. 187 e 195)

sábado, 1 de maio de 2010

Ascendência de Cristo - parte III: Rute

Hoje vamos falar da terceira mulher citada na genealogia de Jesus: Rute. Essa realmente é uma história especial.

Rute não era israelita. Se fosse hoje, poderíamos dizer que não era cristã. Ela era moabita e adorava outros deuses. Porém, casou-se com um homem cuja família conhecia o Deus verdadeiro. Esse homem tinha mais um irmão, que também se casou com uma moabita. Porém, ele, seu irmão e seu pai morreram. Noemi, a mãe do rapaz, decidiu voltar para Judá, e disse às suas duas noras, Rute e Orfa, que voltassem a seu povo. Que lá encontrassem novos maridos e fossem felizes, com as bênçãos de Deus. Foi um momento muito triste. Depois de muito choro, Orfa decidiu voltar para a casa de seus pais. Mas Rute não. Rute fez o inesperado e decidiu ir com sua sogra. E é nesse momento da história em que vemos algumas das mais belas palavras citadas na Bíblia. Rute diz:
Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. (Rute 1:16-17)
E com essas palavras Rute dá uma reviravolta em sua vida. É exatamente em momentos assim, complicados, que muitas vezes Deus escolhe agir de forma ousada nas nossas vidas. Elas mudam de uma forma estranha, mas sempre para melhor, porque Ele só quer a nossa felicidade.

No local em que foi morar com a sogra, Rute conheceu um bondoso homem chamado Boaz. Eles se casaram, e do casamento nasceu Obede, avô do rei Davi. E da descendência de Davi veio Jesus.

A história de Rute tem muitas lições maravilhosas para nós. Uma delas é que Deus não se importa se você não creu sempre nEle, não se importa se você nem sempre andou em Seus caminhos. Para Ele o importante é que você esteja com Ele hoje, agora. Mas a maior lição é que, quando decidimos seguir o Deus verdadeiro, não importa quão destroçada esteja nossa vida, Ele é capaz de transformar tristeza em alegria, pesar em prazer, maldição em bênção. Foi isso que o Senhor fez na vida de Rute e fará na sua e na minha, se assim permitirmos.

Salmom gerou de Raabe a Boaz; este, de Rute, gerou a Obede; e Obede, a Jessé; Jessé gerou ao rei Davi Mateus 1:5-6, genealogia de Cristo
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